terça-feira, 22 de janeiro de 2013

ARMADURAS DE FERRO E COURO

Cota de Placas

Usando a definição de Bengt Thordeman (Armour from the Battle of Wisby), a cota de placas é a armadura cujo reforço está rebitado principalmente do lado de dentro de uma cobertura de pano ou couro.
Este tipo de armadura surgiu em meados do séc. XIII para dar uma ajuda em proteção aos hauberks de malha, com placas possivelmente de ferro rebitadas sob a sobrecota dos cavaleiros. Embora já usada desde a segunda metade do séc. XII pelos cruzados — para impedir um super-aquecimento da malha sob o sol do oriente e também para evitar sujeira e ferrugem — a sobrecota nesta época era somente uma espécie de poncho largo sem mangas descendo até os joelhos.
Ilustrao: Sergio Roma

Sobrecota Reforçada

Não é senão em 1250 que temos o primeiro exemplo de reforço aplicado à sobrecota, mostrado em grandes rebites formando duas fileiras horizontais na efígie de St. Maurice na Catedral de Magdeburg. Os rebites provavelmente estariam segurando placas verticais a dar a volta por todo o torso do fidalgo. O segundo exemplo mais antigo é a escultura de um cavaleiro dormindo entalhada no altar do Monastério Wienhausen, por volta de 1280. Neste, a sobrecota mostra tanto os rebites quanto é delineada pelas placas afixadas por baixo.
Sr. Thorderman e o sr. Nicolle levam a crer que a idéia das cotas de placas foi roubada dos povos da Ásia Central, que bem pode ter ocorrido no contato dos germânicos com os mongóis quando estes invadiram a Silesia em 1240. Alguns cronistas descrevem como os alemães ficaram aterrados com as armaduras dos tártaros. Seja qual foi a origem, a verdade é que uso de sobrecotas reforçadas se manteve, principalmente entre os países nórdicos, até a metade do séc. XIV quando as sobrecotas — reforçadas ou não — deixaram de existir. Isto não significa que o desenvolvimento e evolução das cotas de placas foi interrompido e já no início do séc. XIV começaram a aparecer os chamados gibões de placas.
Ilustrao: Sergio Roma

Gibão de Placas

O gibão de placas era um colete, geralmente de couro, em cuja parte interna se afixavam as placas. Era vestido por sobre a cota de malha mas ficava oculto sob a sobrecota. Seu uso se espalhou rapidamente pela europa durante a primeira metade do séc XIV.
Seu reforço se dava por placas verticais, horizontais ou por ambas. No geral, as placas no abdome e nas costas eram mais estreitas do que as do peito. Por volta da metade do séc. XIV vamos perceber uma tendência no aumento do peitoral e uma predominância em placas horizontais, são os primeiros sinais das armaduras de placas.
reprodução de um gibão de placas - parte internaPelo fato do gibão estar quase sempre escondido nas ilustrações e esculturas de época, hoje temos muita dificuldade em acompanhar a evolução desta peça de armadura, tendo que recorrer às poucas figuras e efígies nas quais a fenda lateral da sobrecota é mostrada em detalhe. O problema é ligeiramente diminuído durante o segundo quarto do séc. XIV quando a frente das sobrecotas passa a chegar somente até a cintura ou quadris, e é possível ver a parte inferior dos gibões aparecendo. Entretanto, as placas que os protegem ainda se encontram por trás do couro, e um estudo da disposição dos rebites fornece muitas vezes as únicas pistas da quantidade, geometria e posicionamento das mesmas.
reprodução de um gibão de placas - de costasOs achados arqueológicos em Wisby são a maior fonte de informação nos gibões de placas. Foram encontradas 24 cotas distintas, completamente restauradas pelo sr. Thordeman. Sua análise, juntamente com a extraída das figuras, revela duas vertentes de evolução. A primeira, já citada, leva para um aumento do peitoral e placas horizontais protegendo o abdome e quadril. A segunda leva para uma diminuição sistemática das placas até formar um colete inteiro forrado de lamelas afixadas com pequenos rebites, as chamadas brigandinas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário